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Paulo do Eirado: “Sebrae tem que dar uma alavancada no modelo econômico de Sergipe”

Quem conhece minimamente Paulo do Eirado Dias Filho, 61 anos, através de suas ideias expostas em artigos de jornais em Sergipe, sabe o quanto ele flerta aberta e convincentemente com educação, ciência e tecnologia.

E Paulo do Eirado não flerta abertamente apenas como um pitaqueiro de esquinas. Ele tem conhecimento de causa, por formação acadêmica e por exercício prático e funcional de vida.

Paulo do Eirado Dias Filho é pedagogo, tem pós-graduação em Pedagogia Empresarial e é dono de boa uma expertise em análise de sistemas. Mas ele já fez curso técnico de Mecânica, e cursou, sem concluir, uma Engenharia.

Nessa área de análise de sistemas, Paulo acumulou conhecimentos desde a sua velha Bahia de nascimento, onde trabalhou no antigo Banco Econômico, na Caraíba Metais e na Propeg, a grande agência baiana de publicidade, mas já vivendo em São Paulo. Conhece o batente da vida trabalhista desde os 16 anos de idade, quando fica órfão.

É esse Paulo do Eirado Dias Filho que a partir do dia 10 de janeiro de 2019 assume o comando do Sebrae de Sergipe, como seu novo superintendente, cuja escolha foi feita semana passada pelo Conselho da instituição e sob as bênçãos do pardinho Laércio Oliveira, deputado federal e presidente da Federação do Comércio do Estado de Sergipe – Fecomércio.

Paulo saltará diretamente da Diretoria Regional do Senac, onde está desde fevereiro de 2009, para a nova missão de superintender do Sebrae. Mas ele não se sentirá um estanho nesse ninho. Pelo contrário.

De 2003 e 2009, ele foi diretor Administrativo-Financeiro e Educacional dessa instituição, quando ajudou a fazer com que Sergipe inserisse no currículo escolar do Ensino Médio a disciplina Empreendedorismo, algo em que ele crê muito, bem mais quando mitigado com educação.

Talvez venha daí, e do seu flerte geral com ciência e tecnologia, o fato de Paulo do Eirado se manifestar hoje como um futuro executivo do Sebrae profundamente lincado com a necessidade de Sergipe dar uma volta por cima no seu modelo de desenvolvimento. E, assim, ele defenda que só será possível com uma boa educação para os jovens e para os empresários.

“O Sebrae Sergipe é pioneiro e tem um trabalho já consolidado nessa área. Foi um trabalho realizado junto à Secretaria de Educação com o Ensino Médio, e Sergipe até hoje é o único Estado do Brasil que contempla a disciplina Empreendedorismo, introduzida na sua matriz curricular”, relembra ele.

“Isso é uma luta de muitos Estados, e só Sergipe até hoje conquistou isso em 2006. Ou seja, estamos à frente de qualquer outro nesse assunto. E se mostra um programa muito eficaz, porque a gente trabalha o empreendedorismo na educação como sendo uma questão atitudinal. Não é para montar negócios necessariamente, embora nada contra, mas sim para que as pessoas tenham seus sonhos, seus projetos de vida”, diz ele.

Capitaneando um orçamento previsto de R$ 52 milhões para o ano que vem, o futuro superintendente do Sebrae não tem dúvidas de que o seu papel e o da instituição é urgentemente o de ajudar a Sergipe ser catapultado a um novo modelo de desenvolvimento.

“O Sebrae sozinho não é uma entidade muito realizadora, mas quando se junta às ações governamentais e às políticas públicas, tem um papel preponderante. Ele tem que capitanear tudo que vier em direção à melhora do ambiente de negócios em Sergipe e no Brasil, e não pode abrir mão disso em hipótese nenhuma, porque isso ele tem que carrear através de suas ações para que tudo se torne realidade”, diz ele.

JLPolítica – O senhor ficou surpreso com as articulações que o tornaram superintendente do Sebrae de Sergipe?
Paulo do Eirado Dias –
O Sebrae é um órgão de decisões colegiadas. De certa forma, sim, porque a gente não tinha um planejamento anterior nesse sentido, uma coisa maquinada nessa direção. O superintendente é o representante oficial da instituição, mas todas as decisões são de natureza colegiada. Existe a Diretoria Executiva, e sempre precisa de duas outras para qualquer formalidade, qualquer pagamento ou contrato.

JLPolítica – O que a condição de diretor regional do Senac lhe ajudou nesta eleição, e lhe ajudará no mandato?
PED –
A condição de diretor do Senac ajuda, porque estamos, via ele, a par das exigências e da natureza jurídica do que é uma entidade do Sistema S. Também traz segurança para o encaminhamento da gestão. Mas é preciso ressaltar que o Senac também está numa situação muito privilegiada e, talvez por isso, tenham pensado no meu nome como uma pessoa capaz de dar encaminhamento ao Sebrae na próxima gestão.

JLPolítica – Em que aspecto o Senac está privilegiado?
PED –
Nosso Senac hoje é reconhecido nacionalmente. Nós temos o desenvolvimento aqui de alguns programas como o Senac Pleno, que tem sido objeto de estudo e de apresentações por vários outros Senacs no país. Além disso, os nossos alunos, na qualidade de competidores, têm feito muito bonito. No último final de semana, eu voltei de Vitória, no Espírito Santo, trazendo uma medalha de prata para aluno de cabeleireiro numa disputa nacional e que vai disputar um segundo turno com o primeiro lugar para saber quem será o representante do Brasil na WorldSkills, a olimpíada de conhecimento de educação profissional, que acontecerá na Rússia em 2019.

JLPolítica – Qual a diferença do universos de alunos para o dos empresários, com o qual o senhor vai lidar a partir de janeiro?
PED –
Para mim, a maior diferença é o foco. É a missão. A do Sebrae é uma missão mais difusa. Mas o perfil socioeconômico e cultural, a questão do analfabetismo funcional de ambos, é igual. O empresário brasileiro, em sua grande maioria, é uma pessoa que precisa de muito apoio, porque tem deficiências escolares, então esse perfil, no aspecto quantitativo, tem o mesmo perfil socioeconômico do empregado brasileiro.

JLPolítica – O que que o senhor conhece da capacidade resolutiva do Sebrae Sergipe?
PED –
É uma entidade que tem que trabalhar sempre articulada. O Sebrae sozinho não é uma entidade muito realizadora, mas quando se junta aos demais, especialmente às ações governamentais e às políticas públicas, tem um papel preponderante. Ele tem que capitanear tudo que vier em direção à melhora do ambiente de negócios em Sergipe e no Brasil, então não pode abrir mão disso em hipótese nenhuma, porque isso ele tem que carrear através de suas ações para que tudo se torne realidade.

JLPolítica – E essa potencialização será uma marca de sua gestão?
PED –
A defesa da pequena empresa, sem a menor dúvida, será uma das marcas de nossa gestão. Acho que o empresário brasileiro, principalmente o da pequena empresa, é muito maltratado, muito hostilizado, e isso tem que mudar, porque são eles que estão gerando riquezas, gerando a maior parte do emprego, e não merecem o tratamento que têm hoje.

JLPolítica – Quais os espaços que o senhor vislumbra como os maiores parceiros do Sebrae num universo público, estatal?
PED –
Prefeituras e Governos. Em geral, as próprias Secretarias, tanto as municipais quanto as estaduais. Tem que ter uma afinidade grande para se trabalhar na mesa direção. Sergipe hoje passa por uma crise que eu considero exponencial, porque estamos perdendo lugares importantes em relação aos demais Estados nordestinos. Sergipe, que sempre se destacou como o melhor Estado do Nordeste, hoje está numa situação extremamente crítica quando se compara aos demais. A economia sergipana não se modernizou e precisa levar uma sacudida mesmo, e esse trabalho tem que ser feito com afinidade entre todos que estão promovendo políticas públicas de fomento ao desenvolvimento.

JLPolítica – O governador reeleito Belivaldo Chagas fala muito na possibilidade de fazer Sergipe desenvolver 30 anos em quatro. Em que aspecto o Sebrae pode contribuir com isso?
PED –
Acho que podemos contribuir na questão do planejamento, de validar a orientação. O Sebrae tem, inclusive, como trazer grandes consultores para opinar com relação a isso, ver exemplos de práticas bem-sucedidas em outros Estados, e também caracterizar aquilo que é eminentemente sergipano. Pegar realmente o modelo de negócio de Sergipe que precisa ser realizado e trabalhar também na esfera educacional, porque o jovem daqui já tem que sair com a cabeça orientada para a inovação, para os negócios, as oportunidades que o mundo hoje está oferecendo.

JLPolítica – Pode haver um contraponto entre o Senac e o Sebrae, do ponto de vista da potencialização de jovens que acabaram de ser treinados para virar empresário?
PED –
Pode. E a gente trabalha, no caso do Senac, muito isso. Porque empreendedorismo está na nossa pauta do Senac, mas não somente na orientação de montar negócio e sim na construção de projeto de vida, que pode ser montar um negócio ou até passar no vestibular. Mas que se crie um objetivo e persiga a meta.

JLPolítica – Como é a sua relação com o presidente da Fecomércio, Laércio Oliveira, e até que ponto o senhor deve a ele essa eleição?
PED –
A relação com Laércio Oliveira é a melhor possível, e de plena confiança. A gente não tem nenhuma dificuldade no sentido da gestão, da interlocução. Ele é uma pessoa sempre acessível. Devo muito a Laércio no sentido dessa confiança. E com relação à eleição do Sebrae, ele realmente capitaneou esse processo, foi uma coisa da qual ele foi o articulador. No papel de liderança empresarial e política, ele conseguiu fazer com que todos se unissem em torno de uma mesma chapa, o que é muito bom, muito positivo, porque a gestão já vai ser mais facilitada com esse apoio do Conselho.

JLPolítica – O senhor queria isso ou caiu de paraquedas?
PED –
Queria, e queria muito. Porque o Sebrae, para mim, é uma entidade desafiadora, e eu entendo também que, de certa forma, já fechei um ciclo no Senac após esses 10 anos. Hoje, entrego o Senac em condições muito superiores às que recebi.

JLPolítica – Não foi estranho que o senhor tivesse sido eleito mesmo estando ausente da sessão do Conselho Deliberativo para esta finalidade?
PED –
Não, porque o Conselho é totalmente soberano e a gente deve até permitir que ele esteja inteiramente à vontade para as discussões e ponderações. Minha presença não era institucionalmente necessária.

JLPolítica – O Sebrae teve para o exercício de 2018 um orçamento de R$ 47 milhões e terá um de R$ 52 milhões para o ano de 2019. Pelo que o senhor sabe da instituição, são recursos suficientes para suas demandas?
PED –
Eu entendo que sim. Principalmente quando a gente pensa num momento de crise, como o que o país passa. Nesse aspecto, o Sistema S, de modo geral, ainda é uma área privilegiada em termos de orçamentos, mas que o recurso tem que ser muito bem aplicado e usado para fazer alavancagens, no sentido de convidar outros a participarem dos projetos e, com isso, ter um nível orçamentário maior, já que vai entrar o orçamento de terceiros também.

JLPolítica – No seu conceito, qual a importância do Sebrae para o desenvolvimento socioeconômico de Sergipe?
PED –
Total: o Sebrae é uma entidade que tem que participar diretamente e ter diálogo aberto com o Governo, com a parte de finanças, da indústria, do agronegócio, tanto que o Sebrae se envolve realmente com tudo e tem recursos, inclusive humanos, para cooperar nesse processo.

JLPolítica – O senhor acha que 100 servidores são uma quantidade suficiente para a instituição?
PED –
Acho que sim, porque o Sebrae tem a possibilidade de fazer muitas contratações terceirizadas e criar equipes pontuais para projetos específicos. É uma espécie de estrutura matricial e termina tendo uma produtividade e um nível maior de colaboradores do que aparenta à primeira vista.

JLPolítica – O senhor é pedagogo e ligado à tecnologia. Até que ponto essas condições lhe favorecem na futura missão?
PED –
Eu sempre entendi que o bom é você conciliar duas profissões para criar um currículo único. E no meu caso, como pedagogo, sou relativamente diferenciado por ter essa vivência no mundo empresarial. Hoje, sou até uma pessoa aposentada pelo INSS, pelo tempo de contribuição, e tenho essa visão um pouco diferenciada. E essa área empresarial tecnológica me encanta, mas através da educação. Acho que tudo tem que envolver educação, porque ela é geração de valor que não regride. Ninguém tem como lhe tomar de volta. Se você compra um carro, dá pra alguém, cinco anos depois aquele carro já não tem o mesmo valor. Mas se você aplica esse dinheiro em educação, cinco anos depois essa pessoa pode estar numa situação muito melhor. Educação é tecnologia que não se perde e é humanização. É melhorar a sociedade como um todo.

JLPolítica – É possível haver uma interação entre a ação do Sebrae e a educação formal, sobretudo a pública, no sentido de que o Sebrae ajude a melhorar a escola e a escola ajude a melhorar o empreendedorismo?
PED –
Com certeza, e o Sebrae Sergipe é pioneiro e tem um trabalho já consolidado nessa área. Foi um trabalho realizado junto à Secretaria de Educação com o Ensino Médio, e Sergipe até hoje é o único Estado do Brasil que contempla a disciplina Empreendedorismo, introduzida na matriz curricular. Isso é uma luta de muitos Estados, e só Sergipe até hoje conquistou isso em 2006. Ou seja, estamos à frente de qualquer outro nesse assunto. E se mostra um programa muito eficaz, porque a gente trabalha o empreendedorismo na educação como sendo uma questão atitudinal. Não é para montar negócios necessariamente, embora nada contra, mas sim para que as pessoas tenham seus sonhos, seus projetos de vida, e saibam quais as ferramentas disponíveis para construí-los. É para dar meta aos alunos, assim como visão de longo prazo e fortalecimento de seus destinos.

JLPolítica – Qual o conceito do senhor da educação que se pratica hoje em Sergipe, seja na escola pública ou na particular?
PED –
Do ponto de vista estrutural, temos excelentes escolas e universidades. Agora, a gente precisa é rever um pouco o modelo pedagógico, porque a gente tem como padrão um modelo que talvez tenha sido muito bom para o século XX, mas que no século XXI já não está mais correspondendo às demandas sociais e mercadológicas. Um Estado como a Califórnia, nos EUA, por exemplo, chega a ter duas vezes o PIB brasileiro. Veja: um único Estado americano. E quando você vai ver a origem desses recursos, percebe que eles nascem em dois bairros: o Vale do Silício e Hollywood, grandes mercados da tecnologia e do entretenimento. Tudo intangível.

JLPolítica – O senhor terá alguma ação de treinamento entre hoje e o 10 de janeiro, dia da posse, para se inteirar mais da máquina Sebrae?
PED –
Sim, no sentido do diálogo, de antecipar um pouco as questões que estão em curso lá. Inclusive, para manter os bons programas, avaliar outros e chegar com um nível de reposta mais rápido.

JLPolítica – Foi importante a manutenção de dois executivos da atual gestão para a próxima, como o atual superintendente, Emanoel Sobral, e o diretor Administrativo-Financeiro, Eduardo do Prado Junior?
PED –
Foi importante, sim. Isso traz muita tranquilidade, exatamente para essa transição. Porque traz esse acervo de conhecimento, entendimento e experiência, inclusive com as práticas mais recentes. Além disso, a gente tem um relacionamento pessoal da melhor ordem, e isso vai facilitar muito.

JLPolítica – O senhor teme a propagação do futuro ministro da Fazenda, Paulo Guedes, de desoneração das folhas e as consequências que isso terá sobre o orçamento do Sebrae?
PED –
O Sistema S viveu a vida inteira com a espada sobre a cabeça, porque todos os dias tem algum projeto, alguma ideia, alguém pensando em fazer alguma reforma. Mas é um sistema que tem que se manter defendido pela própria opinião pública, porque é importante. Ninguém vai mexer para fazer qualquer coisa que seja de natureza meramente especulativa ou sem maior aprofundamento. Até porque os recursos são privados.

JLPolítica – Há desregramento no uso dos recursos do Sistema S?
PED –
Pode haver pontualmente. Mas, de um modo geral, são recursos que geram um nível de produtividade superior ao que o serviço público, geralmente, propicia. O Sistema S é controlado pelos órgãos externos, a Controladoria Geral da União, o Tribunal de Contas da União, além dos Conselhos Fiscais e auditorias externas. É muito fiscalizado.

JLPolítica – O senhor acredita que é uma tendência do Sebrae retornar para sua origem de assessoramento mais ao comércio e à indústria, e desaquecer outros segmentos?
PED –
De jeito nenhum, até porque a questão da inovação vai atingir em cheio tanto a indústria quanto o agronegócio e os serviços. Então é uma grande fonte de geração de valor e é para onde eu entendo que a juventude deveria estar olhando como uma grande oportunidade. E o modelo econômico de Sergipe está muito ultrapassado talvez para as novas possibilidades, e o Sebrae tem que dar uma alavancada nisso.

JLPolítica – Quais são os programas que o senhor conhece de lá e que lhe encantam, enchem os olhos?
PED –
Ainda é cedo para falar disso, mas os programas educacionais ligados ao empreendedorismo, para a juventude. Além de programas ligados à cadeia de petróleo e gás, que é uma área de muito recurso, muita oportunidade, e também de energias limpas. Tudo isso que tem como tendências, startups, o Sebrae tem que capitanear esse processo e pagar para ver.

JLPolítica – Do ponto de vista da tecnologia, o senhor acredita que a instituição precisará desenvolver novas ferramentas para enfrentar a realidade da internet, como o YouTube, que compete com o Sebrae?
PED –
Tem que se reinventar permanentemente ou a gente não consegue acompanhar as mudanças sociais. Porque as questões de natureza aparente e meramente tecnológicas influenciam culturalmente. A sociedade muda de comportamento por causa das tecnologias disponíveis, então essas mudanças têm que ser acompanhadas de perto. Mão podemos perder de vista não.

JLPolítica – O senhor não acha que Sergipe está muito atrasado no que diz respeito às energias limpas e renováveis?
PED –
Sergipe é um Estado privilegiado em termos de energia, porque a gente tem energia hidrelétrica, a gente tem gás, tem petróleo, mas termina, talvez, esquecido com relação a isso. Mas também temos alguma coisa, como o parque eólico já funcionado. Temos um privilégio na questão dos ventos, que são de pouca rajada, constantes. Enfim, é uma boa área para o crescimento da energia limpa.

JLPolítica – Enfim, o senhor se sente preparado para as exigências que lhe serão cobradas a partir de janeiro de 2019?
PED –
Sim, na medida em que tenho o apoio do Conselho, colegas bastante experientes e um clima de harmonia, além disso 10% de ousadia para inovar, buscar novos caminhos e ter um diálogo bastante aberto com o Governo do Estado, para que todo mundo se dê as mãos e a gente tire Sergipe dessa situação de hoje.

JLPolítica – É possível comparar a capacidade empreendedora dos sergipanos à dos povos de outros Estados brasileiros?
PED –
É possível, sim. Historicamente, existem grandes empreendedores em Sergipe, mas a educação precisa ser mais flexível, porque a gente costuma pensar o modelo educacional como sendo aquele mais rígido possível, o que traz dificuldades na hora que você exige processos mais criativos, mais dinâmicos e interdisciplinares. Então a educação sergipana precisa se flexibilizar, se atualizar, para que os nossos jovens já nasçam na sua formação com essa possibilidade mais inovadora e crítica com determinadas situações para que possam trazer novas propostas.

JLPolítica – A sua gestão futura pensa alguma atitude diferenciada para o campo da ética, para se enquadrar mais nesse momento que o país está vivendo de reação a tanta corrupção?
PED –
Eu imagino que todas as entidades que lidam com recursos públicos ou parafiscais, como é o caso do Sistema S, devem prestar contas com muito mais transparência e integridade, que é essa coisa que estão chamando de compliance, e que eu particularmente acho que tem que caminhar nessa direção mesmo. São patrimônios nacionais, públicos, do povo e dos empresários, e que a gente tem que prestar contas do cumprimento da missão. Então me sinto muito à vontade com relação a esse tema e vou em busca de ampliar esses processos no Sebrae para que a gente tenha inclusive o próprio povo brasileiro como nosso defensor. Vamos caminhar realmente para mostrar a importância, os resultados e a aplicação dos recursos.

JLPolítica – O senhor espera encontrar no Sebrae um ambiente já apropriado para isso?
PED –
Sim. Agora, é sempre um processo de construção. Nada disso está pronto no Brasil. Todas as entidades, inclusive os próprios Tribunais de Contas, admitem precisar rever esses processos, porque muita coisa que aparece na TV como escândalo já passou por eles e não foi percebida. Está todo mundo precisando revisar seus pontos de vista e aumentar a transparência e a prestação de contas.

JLPolítica – O senhor pretende manter e ampliar ou reduzir as bases do Sebrae nos municípios de Sergipe?
PED –
Agora é também cedo para falar disso. Seria precipitado. Mas com certeza vou avaliar.

Original -> http://jlpolitica.com.br/entrevista/paulo-do-eirado-sebrae-tem-que-dar-uma-alavancada-no-modelo-economico-de-sergipe